Canabis: mais forte, maior o risco
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CANABIS: QUANTO MAIS FORTE FOR, MAIOR É O RISCO

by Eunice Veloso on Jul 31, 2024

Risco da dependência, claro. Mas há outros.

“A tradição já não é o que era”, tal como dizia um anúncio de há 3 décadas. Nem a canábis de hoje é o que era na década de 60-70.

É muito mais forte. Mas já lá vamos à designação de “forte”. E quando mais forte for a canábis: maior e mais rápido é o risco de criar vício ou dependência.

Sim: aqui somos da opinião que a canábis deve ser tratada ao nível do álcool e dos refrigerantes. Com a excepção da venda nos supermercados.

E já nem vamos falar de alguns medicamentos que criam dependência: porque esses são vendidos por prescrição médica.

Pronto, também damos de barato este aspecto: os refrigerantes não criam alterações cognitivas, nem são psicotrópicos. Por outro lado, criam sérios problemas ao nível do estômago e intestinos – zona  do corpo que monopoliza cerca de 80% da nossa imunidade.

A imunidade é uma coisa muito séria. E 80% não é percentagem pequena, para ser posta em causa… Pelo vício de beber refrigerantes. Juntamente com a comida processada, os refrigerantes são uma das principais causas de obesidade.

Também podem estar na origem de outras  doenças: diabetes, hipertensão, cáries, gastrite e cancro.

Portanto: os refrigerantes não são de menosprezar, pelos impactos na saúde pública. 

Sim: aqui somos da opinião que a canábis deve ser tratada ao nível do álcool e dos refrigerantes, com rótulos elucidativos. Excepto a venda nos supermercados.

É fundamental informar e educar para os riscos.

O consumo de canábis tem riscos. Sérios. E quanto mais forte for a canábis, maior é o risco.

Hoje vamos falar um pouco do “lado sombra” da canábis.

 

A CANÁBIS DA DÉCADA DE 70 NÃO É IGUAL À CANÁBIS DE AGORA

E não é mesmo.

Peter Tosh cantava “Legalize it”. É sempre melhor legalizar porque significa que de certa forma há algum controlo sobre o processo: desde o cultivo  à comercialização.

Há os impostos pro estado, já se sabe. E do lado o consumidor deve haver a segurança de saber o que está a comprar, que teores contêm e se servem aos fins pretendidos.

É sempre melhor legalizar.

A canábis tem ganho popularidade seja pelos benefícios medicinais, quer seja para fins recreativos. 

A novidade está no aumento de popularidade, não na utilização em si, que feita há milénios para os mesmo fins: terapêuticos e recreativos.

Acontece que a canábis dos hippies, do tempo dos Bobs – Dylan e Marley continha cerca de 2% de THC.

 

A canabis dos anos 70 não era tão forte como a de agora

 

Ora o THC (tetrahidrocabainol) é o componente psicotrópico da canábis.

A indústria  da canábis, que já é uma industria, tem hoje à disposição tecnologia avançada que permite manipular o teor de THC. Tal como acontece com os alimentos geneticamente modificados.

O que está a acontecer é que na década de 70 a canábis era orgânica e tinha 2% de THC a assim foi até 1990.

A partir daí, houve um escalar  do teor de THC da canábis.

Durante a década de 90 o teor de THC na canábis subiu para 4% e aos dias de hoje existe disponível no mercados estirpes de canábis com 80% de teor de THC.

E isso pode representar um risco de saúde publica, porque o TCH é altamente viciante.

Quanto mais forte for o teor de THC de um produto de canábis, maior é a probabilidade dos consumidores ficarem dependentes. E se ficam dependentes: mais vezes compram desse produto.

 

O QUE É UMA CANÁBIS FORTE?

Já sabemos que o cânhamo é canábis com teores de THC inferiores a 0,2%. Nesses teores de THC não é psicotrópico. 

Uma flor de canábis que contenha mais de 15% de THC é considerada de elevado teor.

O CBD (o canabidiol)  é outro conhecido canabinóide da canábis: tem varias aplicações terapêuticas, não é psicotrópico e a ciência verifica uma correlação na função do CBD em “neutralizar” os efeitos negativos do THC.

Mas o que se tem verificado é que o teores de THC da canábis nos últimos anos tem aumentado muito, enquanto que os teores de CBD tendem a diminuir. E esse desequilíbrio nos teores dos canabinoides prejudica os utilizadores.

Quanto maior for o teor de THC da canábis maior o risco de desenvolver dependência. A um aumento no teor de THC está associado um aumento na intensidade de alguns dos seus efeitos físicos e ao nível cognitivo, nomeadamente:

  • Ansiedade;
  • Euforia;
  • Pânico;
  • Paranoia;
  • Aumento da probabilidade de ocorrência de episódios psicóticos;
  • Défice de atenção e memória;
  • Diminuição do controlo motor;
  • Aumento do tempo de reacção
  • Sensação de relaxamento.

Efeitos da canabis com  THC elevado: ansiedade, euforia, pânico, paranoia, aumento da probabilidade de ocorrência de episódios psicóticos

 

O canabinóide mais forte é um tipo de THC, o THCP (tetrahidrocanabiforol):  é encontrado em concentrações extremamente baixas na canábis e ainda assim diz-se ser 3 a 33 vezes mais forte do que um THC normal.  Isso significa que os efeitos colaterais são no mínimo,  proporcionalmente  aumentados.

Estas são as estirpes de canábis com os mais fortes teores (leia-se perigosos) de THC:

  • Slurricane shatter: 68—82% THC
  • Okanagan Moon Rock: 39-47%THC e 10%CBD
  • Afghan Black Pressed Hash:40-48% THC
  • Indica Honey Oils: 66-74%THC
  • Kush Live Rosin: 64-72%THC

O MAIOR RISCO ESTÁ EM COMEÇAR NA ADOLESCÊNCIA

De acordo com um estudo de 2014 da Monitoring the Future  a marijuana (canábis com teores médios a elevados, usada para fins recreativos) é a droga de eleição de consumo e abuso de pré-adolescentes a adolescentes entre os 13 e os 18 anos.

Ao nível mundial a canábis está atrás do consumo do álcool: mas é a segunda  mais popular.

Consumo de canábis na adolescência: risco de dependência

 

Estes são os alguns números estatísticos:

  • 1 em cada 6 pessoas que consomem canábis antes da idade adulta vão desenvolver dependência;
  • 9 em cada 100 pessoas que experimentam canábis irão desenvolver dependência
  • 25-50 em cada 100 pessoas que consomem canábis diariamente vão ficar viciadas.
  • 4 a 7 vezes mais é a probabilidade de ocorrerem distúrbios de consumo de marijuana em indivíduos que iniciaram o consumo antes dos 18 anos.

 

Porque é que na adolescência é mais critico o consumo de canábis?

Porque a adolescência é uma fase significante do desenvolvimento do cérebro e um cérebro subdesenvolvido está associado a um processo lento na  aprendizagem e baixos níveis de atenção e memória.

O risco do consumo e abuso de drogas também é maior na adolescência porque essa é uma fase típica onde há uma maior tendência neurobiológica para experimentar coisas novas, arriscar mais.

Qualquer vício, qualquer um, está associado ao mecanismo de recompensa do cérebro e há uma libertação de dopamina. E a zona do cérebro onde isso acontece é onde ocorre a aprendizagem e a memória: de qualquer coisa. Isso representa um problema porque a parte do cérebro que o vício usa é  mesma área do cérebro que usamos quando aprendemos e lembramos qualquer coisa que resulta num prazer como a comida e o sexo por exemplo.

 

Consumo de canábis na adolescência: danos no desenvolvimento do cérebro

 

O hipocampo é zona vital para a aquisição  de novas memórias e aprendizagens e pode ser afectado negativamente pelo uso precoce  de substância aditivas: estas substâncias diminuem a neurogénese (formação de novos neurónios) no hipocampo. Na verdade até diminui o tamanho do hipocampo e consequentemente a capacidade de aprender novas coisas.

A boa notícia é a neuro plasticidade. Estudos em animais que tinham essa zona do cérebro comprometida após sujeitos a drogas, demonstraram que recuperaram logo que foram criadas condições: a interrupção  do consumo da drogas viciantes.

Uma forma simples de reter a ideia é: o cérebro é um músculo que sendo bem nutrido e trabalhado, os resultados positivos aparecem. 

Tal como os músculos: o cérebro tem plasticidade. Plasticidade para encolher quando não trabalhado e mal nutrido; plasticidade para crescer quando bem nutrido e exercitado.

É necessário educar a todos para os riscos e fazer esforço de prevenção para evitar que crianças e adolescentes sejam iniciados em qualquer substância viciante seja tabaco, canábis, cocaína, heroína, anfetaminas, álcool ou outras substâncias viciantes.

 

Referências:

https://www.addictioncenter.com/drugs/marijuana/weed-stronger-than-before/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6312155/

Teen Drug Abuse - Signs Of Teenage Drug Use (addictioncenter.com)

 

AVISO: ESTE ARTIGO NÃO TEM NENHUMA PRETENSÃO DE SER UM CONSELHO DE SAÚDE, É MERAMENTE INFORMATIVO, PELO QUE QUAISQUER INICIATIVAS QUE TENHA, RELATIVAMENTE À CANABIS MEDICINAL, DEVEM PASSAR SEMPRE PELO CONSELHO DO SEU MÉDICO ASSISTENTE.

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